sábado, 30 de outubro de 2010

Secret


Quando ele saiu, eu não conseguia parar de pensar no quanto estava preocupada com ele.

Desde do olhar até a risada, tudo parecia verdadeiro.


Suas palavras, seu tom de voz e até o jeitinho que ele ficava parado sem nunca parar de verdade era absolutamente genuíno.

Eu não conseguia entender porque ele não me beijava e não me olhava de verdade nos olhos.

Seu olá, tinha sido de mentira. Mas ele fazia uma força tão grande, que todo o resto parecia autentico.

Até pra mim que o conhecia tanto. Mas bem lá no fundo, eu sabia que ele estava fingindo.

Acho que ele se divertiu com o filme. E ele realmente gostou do tempo que passou comigo.

Então por que ele queria tanto ir embora?

Eu sei que ele foi pra casa e não está me enganando. Mas mesmo que ele não queria fazer nada de errado, tem algo de errado.


É como se ele estivesse cumprindo uma obrigação consigo mesmo.

Ele não precisa de uma desculpa pra ir embora.

Acho que na verdade ele queria uma desculpa pra ficar, mas não conseguia se sentir atraido de verdade por nenhuma.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Black gives ways to blue :)

Eu afundo em um azul escuro. Denso como uma noite de tempestade.

Um sorriso tímido, enquanto tudo pra trás fica insignificante.

O tempo que gastei, as pessoas que estou esquecendo.

Fecho os olhos e levanto meu queixo, até sentir o céu me olhando.

É inevitável respirar bem fundo.

Afundo no ritmo de um música. Alguma que nunca havia escutando antes.

Por que não consigo lembrar de nada que eu fiz?

Quanto mais eu afundo, parece mais distante, parece mais inexistente.

Não chega nem a ser um sonho distante e sim alguma história que ouvi sem prestar atenção.

Na ponta dos dedos consigo sentir as estações mudando, mas no coração, não sinto nem uma leve brisa, nem uma unica gota de chuva.

Nem tudo deveria ser tão seco.

Vejo a cidade lá em baixo e parece que nunca estive lá, parece que esse quarto é tudo que existe.

A cidade lá, não parece ser a que eu moro, não parece ser a que quero morar.

Mesmo quando algum barulho, mesmo numa hora dessas, rasga o silêncio. Ele permanece.

Quando olho muito para ela, a cidade me chama. Ela quer que eu a conheça.


Mas não consigo ver o porque.

Da janela até a rua, parece que existem milhões de quilômetros, centenas de mundos e nenhum único conhecido no caminho.

Viro as costas pra janela e olho pro azul, agora mais escuro. Na solidão sim, parece que encontro alguma alma conhecida.

Dias curtos

Recentemente, tenho sentido tudo novo.

De novo.

É um novo enferrujado, com gosto de passado.

Não é amargo, mas deixa um gosto ruim na boca, durante horas.

Viro na cama por horas e ela parece me expulsar.

Cada dia que passa ela parece encolher e os travesseiros ficam macios demais, fazem o peso do meu corpo, parecer cada vez menos compatível com eles.

Fico pensando em coisas que nunca penso, que não tem mais motivo para existirem na minha cabeça.

Muitas das vezes, os barulhos do dia começam e minha noite não terminou ainda.

Eu não tenho motivos pra sentir rancor e nem falta de sono.

Mas em todos momentos que me sinto como lixo durante o dia, quero entender porque não durmo a noite.


Eu culpava a cafeína, o dia ou a ansiedade. Mas agora os três existem tão pouco dentro de mim.

Às vezes penso em estourar minha cabeça, pra ver se consigo desliga-la, pelo menos por uma noite.

Mas tenho medo de nem assim conseguir.

No silêncio completo que passo a maior parte do tempo. Os barulhos nunca terminam, é só eu mudar um braço de posição, tentar colocar a cabeça mais fundo no travesseiro ou pensar no que farei no futuro, que a orquestra volta a tocar dentro de mim.


Eu nunca saio de dentro de mim, talvez precise ir lá fora.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Fronzen by the sun

Minhas mãos sangram

Tentei com todas as forças quebrar essa muralha de gelo, mas meus punhos não tem chance

o sangue, e o frio...

Unidos


agora as lágrimas, e a dor...

Separam-se


Ofegante e com ódio, tento de novo, mas a muralha parece mais forte do que antes

Enquanto tiver forcas eu vou tentar quebrar isso, digo pra mim mesmo

mas de tanto insistir, eu comeco a congelar tmb...

domingo, 24 de outubro de 2010

Beautiful Red

Ela respirava fundo, ofegante.

Seu coração palpitava e ameaçava sair pela boca.

Rodeada por um quarto que não era seu, segurando um objeto que não lhe pertencia.

Tentava pensar como escaparia dali, o que deveria fazer.

Devagar, os sentidos iam voltando e ela começava a perceber o próprio corpo.

A desta doendo devido alguma batida que levará, mas não conseguia lembrar-se.

E um arranhão embaixo do olho direito, colocou os dedos para sentir se estava sangrando.

Não estava.

Ainda respirava com dificuldade, quando se deu conta do que tinha acabo de fazer.

A poça vermelha começava do lado da cama e escorria até o centro do quarto.

O vermelho era forte e continuava se espalhando.

No centro da poça, com os cabelos loiros pintados de sangue o corpo de Bia jazia de bruços com os braços abertos.

Ela caiu sem reação e até agora não havia feito nenhum movimento, nenhum.

Renata olhou para o abajur que estava segurando e começou a tremer.

- Mas que merda! - Sussurrou.

Lembrou-se que estava sozinha e gritou jogando a abajur contra a parede.

- Mas que merda!!!

Tentando pensar o que ela deveria fazer, o que diabos ela deveria fazer!

Olhou a sua volta e viu as gotas de sangue respingadas na parede, os porta retratos caídos no chão devido a luta que ocorrera e também uma toalha vermelha pendurada na porta.

Pegou a toalha e limpou o abajur, limpou o rosto da menina caida. No que mais teria encostado? Não conseguia lembrar.

De joelhos se arrastou por todo o quarto, limpando tudo que pudesse ter esbarrado e deixado alguma digital, numa mistura de choro com raiva.

Era tarde demais pra concertar alguma coisa. Pensou.

Pegou uma sacola plástica na sozinha, colocou a toalha e o abajur dentro dela e partiu.

Sumiu noite a fora, mas algo de dentro dela havia ficado naquele quarto e escorria pelo carpete.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sparkling Love

Não existe um nome para isso. Então vou inventar o meu.

Chamo de amor de faisca.

Faisca, pq queima muito rápido e na maioria das vezes não da tempo de você perceber.

Os amores vão brilhando e sumindo, vão fazendo pequenos estalos assim que se apagam.

Num suspiro, não estão mais dentro de você e quando inspirar não da pra saber o que irá retornar.

É como uma viagem que você dormiu no caminho e só percebe que chegou, mas não viu como.

E acaba.

Eu posso garantir que nunca escolhi o fim deles, que nunca decidi quando iria parar de sentir.

Mas assim como as faiscas, é rápido e intenso e some antes que você consiga observar algum detalhe marcante.

Tentei juntar todas as faiscas e formar uma fogueira, tentei iluminar meu mundo com elas, juntei com todas as forças até ficar bem claro e cegar a minha visão.

Por alguns segundos o fogo foi intenso, mas foi morrendo... apenas uma pequena fagulha continuou acessa.

Ela se mantém tímida e com quase nenhum destaque.

Não sei o que fazer com essa fagulha que sobrou, pois sozinha ela não consegue fazer aquele fogo renascer, por mais que eu tente.

Descobri que brincar com fogo, não é tão perigoso quando você consegue controla-lo.

Mas a graça está em perder o controle e quanto mais quente vai ficando é mais fácil se queimar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sexo sem amor

Esperei muito tempo por isso...

Desde a ultima vez que aconteceu, eu quero de novo.

Agora mesmo, estou ansiando.

Tento encontrar uma forma fácil de conseguir.

E acreditar que de alguma forma, quanto mais casual, impessoal e sem noção será melhor.

Quero por tudo pra fora, tão livre. Com os olhos fechados mergulhando no desconhecido.

E quero ir embora mais livre ainda. Mas não é o que consigo.

Pra quem estou sentido isso? Enquanto deixo um pedaço de mim pra trás.

O calor é tão gelado e as falas saem presas, enquanto me visto com certa pressa.

Há tanto tempo, que quero apenar me agradar, então só sinto por um.

Dividido pela metade. Enquanto antes, não precisava me preocupar nem com a anterior e nem com a próxima.

Era apenas um estado constante e em inércia, que mudava de formas sutis.

As gotas de suor evaporam e levam qualquer resto de amor que eu tinha e os beijos servem apenas pra camuflar os pensamentos.

No final das contas, é só sexo sem amor... então vamos chamar só de sexo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Prisão de vidro

exausto das imagens

preciso dar um jeito de arrancar de dentro de mim o desespero, tudo que não quero sentir mais.

tranquilo e se arrastando.

as luzes piscando e os sorrisos de mentira, mesmo quando não são fingidos parecem forçados.

o tempo passa e eles não mudam, mas eu nunca estou neles.

sinto falta de não ter uma história, mas saber as dos outros.

sinto muita falta de não viver minhas próprias histórias, mesmo estando nelas.

tento sentir como é viver lá fora, mas mesmo assim, vejo muros.

as noites são recheadas de medos e imagens.

e as ideas se misturam com sonhos e devaneios.

os sons já não me fazem vibrar e por mais que eu durma, não consigo descansar.

eu podia fazer o que eu quisesse nesse momento, podia mesmo.

podia parar de perder tempo e contar histórias que ainda não aconteceram, comigo.

que curva eu fiz errada?

as memórias se misturam com as mentiras e ambas perdem o significado

mas as vontades permanecem guardadas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

on the road part II

- O Sol vai nascer daqui a pouco.

- Então iremos dirigindo em direção à ele! Vamos fazer nascer antes da hora, né?

Ela riu e parecia satisfeita com a noite. Enquanto eu dirigia em direção ao nascer do sol, apenas sorria com o canto dos lábios e pela primeira vez em semanas não pensava em nada, simplesmente no momento.

---------------------------------------------------------------------


Já era de manhã e ela adormecera. Eu dirigia o caminho de volta, agora não tão empolgado quanto na ida.

Embora tivesse valido a pena e eu havia conseguido fugir um pouco de tudo ao meu redor, estava voltando para tudo aquilo.

Quando chegássemos, ela seria novamente alguém traindo o namorado, eu seria o cara que não conseguia sentir o que quer que eu queira, que eu não sabia dizer o que era.

O sábado seria gordo e arrastado, ficaria exausto o dia inteiro e talvez a noite não iria querer sair novamente.

Não sei dizer que horas eram, mas a cidade já estava inteira acordada e funcionando e ela continuava dormindo no banco do passageiro. Eu estava com sono, mas não precisava dormir ainda.

Quando cheguei na frente do prédio no qual Renata morava, fiquei meio hesitante em acordá-la.

Esperei alguns segundos e ela abriu os olhos, sozinha. Não parecia muito empolgada em rever-me.

- Bom dia, espero que tenha gostado da nossa aventura.

- Ah, foi boa sim, mas na próxima não vamos pra tão longe, ok?

- Próxima? Está confiante assim dona soneca?

- Eu sei que você vai me ligar hoje mesmo.

Ela riu, abriu a porta do carro e saiu sem me dar um beijo. Abri o vidro e gritei:

- Você esqueceu meu beijo!

Ela olhou de volta ainda rindo.

- Só na próxima agora meu querido.

Voltei sorrindo pra casa, pensando se eu iria ligar ou não, se queria continuar fazendo aquilo. E o mais impressionante, era que ela sabia tudo que eu estava pensando.

Não era por ela ter namorado, ou por estar enganando alguém. Não era seu cabelo, nem seu cheiro.

Não era o gosto do beijo, mas alguma coisa nela refletia dentro de mim e eu não ia sossegar até saber o que era.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Confissão


Minha Querida,

Não me resta muito, além de confessar o que fiz.

Meu corpo dói, mas não é uma dor física.

Com a voz rouca de tentar, em vão, me justificar e a boca seca de tanto chorar.

Escrevo.

Não foi uma, nem duas, nem três. Foram muito mais que isso.

Era como uma avalanche, depois que começa, fica maior e maior.

E não sentia que podia parar.

Eu pensava em você todas as vezes, de formas diferentes, a maioria envergonhado.

Contava mentiras pra elas e pra você.

Parece que a mentira nunca pode ser unica, ela sempre acaba compartilhada.

Nunca pensei que eu seria um mentiroso, nem um traidor. Após descoberto, sou.

Não há anda que eu possa dizer ou fazer nesse momento.

E tento entender se dói mais ser descoberto ou ter te machucado.

Realmente nunca pensei que eu seria uma pessoa desse tipo.

Não quero seu perdão, não posso pedir perdão por ser humano e cometer erros.

Por ser fraco e covarde.

Você nunca é nada de ruim, até acabar se tornando.

Posso ter mentido, mas com você eu fui de verdade. Não fomos uma mentira.

O tempo vai apagar, a mentira e talvez as verdades que vivemos.

Mas eu precisava te dizer, que minha dor é do tamanho do mundo.

Do tamanho do meu egoísmo.

Vou entender se você nunca me responder, eu não responderia.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Idealização

Não consigo sentir o que quero.

Talvez por não conseguir explicar exatamente o que quero sentir.

Apenas imagino como quero sentir ou o que espero, mas a idealização sempre sai errada.

Deve ter algum detalhe que eu ainda não percebi.

Sou eu que me saboto?

Já não me sinto um renegado, não sei se estou exatamente correndo contra a corrente como fazia antigamente.

Agora tudo parece mais natural, muito mais espontâneo.

Algumas das vezes, parecem que estão realmente do meu lado, mas quando percebo isso, percebo também que este é exatamente o lado que eu não quero estar.

Eu acho que todo mundo acaba idealizando as coisas, mas estou me tornando uma vítima disso.

Esperei tanto tempo, joguei tantos jogos, usei tantos tipos de máscara que agora estou preso nisso tudo.

É como se cada um desses elementos fizesse parte de mim, e uma parte importante, porque não consigo me livrar deles de forma completa.

Então, me prendo novamente na fantasia, porque a realidade não me convém, como sempre.

Idealizando, poderia dizer me enganando, seria muito mais honesto.

Agora, estou com os olhos bem abertos e quase não existem mais muralhas, não que elas não sejam boas, já que nos defendendo é que nós aprendemos a atacar tão bem.

Estou pronto, pra sofrer o que quer que seja.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sleepy Princess

Enquanto espero o sono chegar, gosto de imaginar onde ele estará. É como se existisse alguém no mundo feito exatamente pra mim.

Quem não acredita nisso?

Fico pensando se ele pensa em mim, se ele imagina o que eu estarei fazendo.

Queria saber se é alto, baixo ou magro. Gosto de imaginar seu cabelo e como é a sua voz.

Claro que todos esses detalhes não são as coisas mais importantes, mas como não sei se ele existe de verdade e nem imagino se já o conheço, fica difícil imaginar como ele realmente seria.

Viver sem encontrá-lo seria um desperdício, mas viver procurando-o seria um exagero.

Parece mais romântico deixar o destino tomar conta, apenas esperando que quando eu o encontrar eu saiba na hora e acerte na escolha.

Uma vida completa parece que só pode existir encontrando essa pessoa e aproveitando.

Seja lá o que aproveitar signifique exatamente.

Às vezes, fica difícil conseguir dormir, essa minha idéia vai longe, como será que irei conhecê-lo? Será que será uma daquelas cenas de cinema ou será apenas ordinária?

Não importa. Eu farei ser de cinema, farei do começo ao fim, por que eu nasci para viver essa história.

Mas, e se eu não estiver lá quando o filme começar? Ficarei de fora dele?

Não entendo como age o destino, se ele já está pronto ou se ele age conforme as coisas vão acontecendo e as escolhas vão sendo tomadas. De qualquer forma, perco o sono em muitas noites por causa dessa crueldade.

Não ter como conseguir algumas respostas me dá um frio enorme na barriga.

Preciso dormir agora, mas não consigo. Sento na beira da cama e me inclino, consigo ver a rua lá fora e o pequeno movimento lá em baixo, alguns poucos carros, são tão solitários que parecem ser guiados pelos meus pensamentos.

domingo, 3 de outubro de 2010

Não olhe para trás!

Eu tenho medo do que eu digo.

Na verdade tenho mais medo ainda no que eu disse recentemente.

A experiência já me provou que o que eu digo hoje acaba parecendo uma grande tolice amanhã, que a contradição anda de mãos dadas com as mudanças que eu proponho.

Talvez pelo fato de que até aqui eu não tivesse um plano realmente claro pra mim, ou por que eu queria apenas me manter à deriva do que eu julgava comum.

Só que o comum muda, o diferente evolui ou regride e faz você se sentir um completo idiota.

Preciso colocar uma pedra no caminho e deixar pra trás o que passou.

Não estou dizendo pra esquecer o passado, mas é preciso deixá-lo descansar por um tempo, respirar enquanto você absorve as mudanças que estão acontecendo.

Decidi ignorar tudo que eu havia desperdiçado até aqui, inclusive o tempo, e me dedicar à alguma idéia nova, algo que fosse me tirar desse buraco.

Decidi que encontrar alguém novo, fosse comum ou extraordinário, tanto faz, mas que precisava acontecer naturalmente.

Quando eu saia a noite buscando os mesmos prazeres que todo mundo, ou quando cruzava o olhar timidademente com alguma desconhecida sob a luz do dia, eu fazia o que sempre havia feito, porém sentia como se dessa vez pudesse fazer diferente, como se pudesse analisar melhor cada situação e não fugir simplesmente por fugir.

Acho que agora sim eu estava aprendendo com o passado.