quarta-feira, 21 de setembro de 2011

...

Ela não sabe, mas anda por ai machucando as pessoas.
O simples movimento que seus cabelos fazem ao moverem-se em seu rosto pode fazer um considerável estrago.
Ela é a típica mulher de outro planeta, uma daquelas poucas que ninguém sabe explicar da onde surgiu, e o pior de tudo, ela sabe disso.
Essa mulher é perigosa, pois contra ela não há defesa e seu sucesso depende exclusivamente dela.
A mulher troféu, que se for esperta, conquista qualquer conquistador.
As outras quando a vêm pensam, se eu fosse uma dessas, eu poderia dominar o mundo.
Não existe homem, que por mais poderoso que seja, não se rebaixe a seus instintos primitivos.
Elas são poucas e nós somos muitos, enquanto elas destroem tudo ao seu redor por onde passam, nós permanecemos enfeitiçados como garotos excitados, como se nunca tivessem visto uma mulher antes.
Tão difícil esquecer aquilo que você não pode ter, o objeto que você não poder vencer.
Esse tipo de mulher é apenas um objeto, os homens não conseguem vê-la de outra forma e nem eu.
Todos a querem pelos motivos errados, até os que estão fingindo se importar.
É tão horrivelmente bela que faz você pensar em desistir de qualquer principio que tenha, apenas para sentir como é tocar numa dessas, como é sentir-se tocado por uma como essa.
Estou parado no transito e acordo de meu devaneio sexual, olho novamente para a morena de vestido vermelho que acabou de passar na faixa de pedestres. Ela não é tudo isso, agora que olho direito, ela não parece tudo isso.
Há dez segundos atrás quando eu não estava direito, eu teria matado alguém para poder tocá-la.
Elas ficam tão mais bonitas quando estou excitado e, principalmente, não posso tê-las.
Viro a esquina e passo com o carro de seu lado, dou mais uma olhada e penso que poderia sair com ela, se estivesse disponível. Imagino como seria arrancar seu vestido com violência.
Enquanto dirijo em direção ao meu trabalho, tento imaginar a liberdade ou um troféu. Olhares, sorrisos, favores, piadas metidas e espertas, tudo falso.
Não sei da onde surgiu esse jogo, mas de todos, ele é o mais sem graça, ainda mais quando a realidade não o deixa fluir.
Algumas pessoas, simplesmente, não conseguem fazer uma conversa ser interessante, mas mesmo com tanta casualidade, nós insistimos. E é exatamente neste momento que você se torna falso. Será que se você percebesse isso, você se sentiria ridículo? Não?
Penso nisso e me sinto tão mais fraco que minhas vontades, simples assim.
Alguém em algum momento deveria ter me dito que as vontades não são tão importantes assim, teria sido tão mais fácil. Mas eu imagino como poderia ser sem essa competição toda essas vontades lutando dentro de mim, não sei nem se seria melhor, novamente, é apenas diferente.
Eu posso organizar esse campeonato, seria o juiz, iria competir e ainda perderia e ganharia tudo ao mesmo tempo, mas já não é o que todos fazemos? Enquanto julgamos as possibilidades e sensações, conquistamos pessoas e perdemos outras, enganados e com certeza, certos e errados, inseguros ou confiantes, disputando mais e mais e mais e mais.
Buscando, pensando, explorando, duvidando, arrependendo, comemorando, o que seria de min sem cada um deles?
Qual seria o prêmio disso tudo? Qual o troféu dessa vida?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cores reais

Era como acordar em um novo mundo, no qual só havia ela, brilhando em tons vivos e desconhecidos.

Ela iluminava seus olhos quando ele os abria ao amanhecer e também era sua última lembrança ao se deitar.

Pelas ruas via luzes brilhando e se espalhando por todos os cantos, era como se lembrar de seus cabelos explodindo em milhares de luzes e cores, em mechas douradas misturadas em tantas cores novas e diferentes a cada nova olhada.

Eram justamente essas mesmas cores que o hipnotizavam, mas haviam trazido-o à razão. Elas estavam sempre mudando e continuavam sempre as mesmas. Todos os dias eram diferentes, mas ele sempre sabia o que esperar delas.

Com os olhos fechados, ele conseguia sentir o cheiro de cada uma dessas cores, conseguia sentir elas quentes e vibrantes. Ela irradiava cores que desciam tão macias por seu pescoço e derretiam vermelhamente em seus lábios, bombardeando-o com uma luz invisível que ele nunca imaginou que pudesse existir.

Sentia calor, não importava o quão frio fizesse lá fora. Não tinha medo, possuía apenas um sorriso alimentado por toques e beijos, por palavras sussurradas e calafrios na barriga.

Ela era a deusa desse mundo colorido, desse calor com cheiro de amor e até das lagrimas com gosto de alivio.

O sol agora brilhava diferente também, todos os dias com ela eram mundos diferentes, imaginários, mas completamente reais. Até no escuro, com seu corpo encostado ao dela a sensação de realidade era uma certeza.

Queria viver naquele mundo pra sempre, respirando as cores e cheiros, experimentando novos sons, toques e beijos. Eram reais e ultrapassavam o desejo.

Um novo mundo, que parecia exatamente como outro qualquer. Daqueles que você não sabe como chegou lá, apenas quer viver dentro dele e pra trás nunca mais olhar. Era um mundo que eu podia chamar de meu, que embora eu não o tenha desenhado, era exatamente do jeito que eu sempre quis.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tentação

Abriu o maço de cigarros para descobrir que estava vazio.

- Ah, não!

Vestiu um Adidas preto, velho e surrado, sem meias. Colocou o primeiro agasalho que encontrou.

Saiu do apartamento sem trancar a porta. Entrou no elevador torcendo para que não parasse em nenhum andar, seriam treze longos andares até lá em baixo e detestava o quanto sentia desconforto em ficar em espaços pequenos com desconhecidos. Mesmo que os visse regularmente.

Não cumprimentou o porteiro e apenas saiu em disparada até a banca de jornais que ficava há mais ou menos cem metros da entrada de seu prédio.

"Adoro bancas que vendem de tudo menos jornais" Pensou e riu para si mesmo.

Enquanto andava o celular tocou, pensou em não olhar quem era para não ter que atender e foi o que fez. "Se eu não souber quem é, não tem problema não ter atendido" e riu novamente.

Um maço de Malboro Light, por favor. Pagou sem olhar diretamente para o atendente da banca, só queria voltar o mais rápido possível.

Fez exatamente o caminho inverso, com o mesmo ar de pressa e o olhar o mais baixo possível, para não ter que cruza-lo com ninguém. Detestaria ter que dize rum simples oi.

Abriu a porta do apartamento, enquanto tirava o tênis pisando no próprio calcanhar, o primeiro ficou jogado bem perto da entrada o segundo ele chutou pela sala. O moleton teve destino parecido.

Abriu a varanda e acendeu o cigarro. Se preocupou em fechar o vidro para que o cheio não entrasse no apartamento. Não poderia suportar seu apartamento fedendo à cigarro. Esse cheiro era de apartamento de fumantes. E ele não era um fumante, apenas fumava quando sentia vontade. Mesmo que há anos. Não fumava todos os dias, então dizia pra si mesmo que não era um fumante e para os outros também.

Assim como o cigarro durou pouco, seu devaneio também. Voltou para dentro da sala e embora quisesse acender mais um, não podia. Fumar dois cigarros assim, seguidos, era coisa de fumante.

Pensou em ligar para a namorada, ou para a menina que saia quando estava de saco cheio da namorada. Pensou também em ligar para uma nova menina que ele falava há tempos e sabia que faria o que ele quisesse. Mas a preguiça era muito maior que o tesão. Embora não sentisse mais o mesmo tesão por sua namorada, achava que ainda gostava dela. E mesmo quando estava traindo ela, não achava que estava traindo de verdade, estava apenas aliviando o stress ou matando alguma vontade. Não envolvia nenhum sentimento, dizia para seus amigos.

Enquanto segurava o celular pensnado em quem podia ligar, lendo os nomes e pensando nas pessoas via o quanto estava sozinho, mesmo conhecendo tantas pessoas o quanto não tinha ninguém para fazer companhia para ele. Tudo era muito complicado ao seu ver, ninguém parecia valer o esforço de se arrumar e dirigir ou de arrumar o apartamento para que a pessoa viesse.

Não tinha um amigo para dividir aquela imundisse de apartamento.

Ele parou na letra M e leu o nome da namorada: Marina. Seu dedo indicador tocando na tela, com uma vontade de ligar para ela, mas desistiu. Não tinha energia para mentir pra ela hoje, para fingir.

Na verdade tinha vergonha dela, queria contar a verdade, mas não conseguiria ser encarado como um traidor. "Nunca pensei que eu fosse acabar fazendo essas coisas".

Decidiu que ia passar o resto do dia sozinho, vestido da mesma forma que havia acordado e não iria ver jamais quem havia ligado para ele enquanto estava na rua. Não queria jamais saber quem era. Melhor ainda, o celular permaneceria desligado pelo resto do dia. Só para garantir que ninguém mais ligaria para tenta-lo de nada.

Tentação.

Como era fácil cair em tentação. "Deve ser por isos que eu nunca rezo". Pensou, sem rir dessa vez."Ele vai saber que provavelmente estarei mentido e arrependido ao mesmo tempo" .

Mesmo imaginando se uma coisa eliminaria a outra, ainda sentia-se péssimo com suas escolhas.

Levantou batendo as mãos no sofá.

- Foda-se! Vou fumar outro cigarro e aqui dentro! - Falou para as paredes. Estava na hora e admitir alguma coisa.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O peso das manhãs

6:07 da manhã. Resolvo dar mais uma volta pela casa e respirar o ar estático do dia que ainda não terminou.

O sol já bate tímido e eu não consigo explicar porque ainda estou acordado.

Mais uma manhã que não irei aproveitar, talvez nem conhecer.

Pareço não pertencer à minha cama. Brigamos durante a noite, como dois estranhos que não vão um com a cara do outro, logo à primeira vista, sem nenhuma razão aparente.

Não importa quem se saia melhor, parece que eu sempre perco.

Algumas noites, ela não me dá nenhuma chance, simplesmente ela me avisa: Hoje você não vai ficar aqui, você pode tentar, mas eu vou te fazer sair daqui.

Em outras, piores, ela nem precisa se dar o trabalho, eu levanto sozinho.

Quando ela me aceita não é tão melhor. Acordo dolorido, judiado. Como se alguém tivesse passado a noite toda me incomodando.

É inacreditável o peso das manhãs, seja das noites mal dormidas, ou das madrugadas em claro que dão lugar ao som de um dia que parece não terminar nunca.

Não deveria ser assim. Se eu olhar bem vou ver que não tem nada de errado com essa cama, nem com nenhuma cama na qual eu não consegui dormir.

Parece mesmo, que nesse momento não tem nada de errado.

Então por que continuo sem ser bem vindo no lugar que eu espero o dia todo para estar?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Breathing the Rainbow

É claro que tinha muito pela frente. Lugares para ir e muitas coisas pra fazer.

Ainda viriam muitas lágrimas, medos e dias chuvosos. O céu na verdade ainda não parecia totalmente claro.

Iria duvidar de si muitas vezes e se achar a pessoa mais tola do mundo.

Acordaria cansada e dormiria não querendo acordar.

Bufaria de irritação muitas e muitas vezes e teria que engolir seco.

Ficaria triste acordada pensando no dia que havia ficado para trás ou nos problemas que começariam na manhã seguinte.

Teria dores de cabeça.

Olharia par ao relógio torcendo par ao tempo passar mais depressa e desejaria muito estar voltando para casa.

Sabia que aquela sensação não iria durar, mas que podia ser um começo de coisas boas.

É muito provável que teria batalhas duras pela frente e que talvez não se sentisse preparada. Que ligaria chorando para alguém querendo que tudo fosse mais fácil.

Voltaria frustrada, dirigindo muitas noites. E dirigiria de volta para os mesmos lugares que prometeria nunca mais voltar.

Diria tantos nuncas que perderia a conta e não tinha como saber quais cumpriria ou não.

Sentiria dor, fome, frio e vontade de superar tudo isso.

Teria medo de coisas que poderia acontecer ou coisas impossíveis.

Não sabia dizer se teria seu coração partido mais alguma vez, ou se já havia sido quebrado o numero de vezes que o destino havia escolhido para ela.

Carregaria o mundo em seus ombros combinando todas as preocupações possíveis e impossíveis e até as inexistentes.

Mas não naquela manhã. Naquela comum e sem graça, terça feira semi-nublada ela puxava o ar bem fundo e pela primeira vez, em muito tempo, respirava felicidade.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

I wanna love ya baby

Queria voltar aos dias que não aproveitei e gastar melhor o tempo que passei.

Olho ao meu redor há anos... E vejo sempre as mesmas coisas.

Mudei tanto e continuo no mesmo lugar. As mesmas paredes, só que com cores diferentes.

O mesmo teto, sempre tão sem graça.

Me gabando de ler o mundo e entender coisas que nem eu sei explicar.

Um estranho em uma terra na qual julgava desvendar.

Espalhando palavras e jogando ideias em cima dos outros.

Quantas pessoas eu falhei em mudar?

E quantas mais eu falhei em marcar?

Estou sumindo e ninguém parece perceber.

Já que nada parece mudar com isso.

As paredes apenas mudam de cor outra vez, mas eu sei que ainda são as mesmas paredes.

Sinto saudades de não sentir o tempo passado, o mundo girando e sempre alguém diferente ao meu lado.

Preciso dar um jeito de encontrar um ar novo pra respirar, algo que não sei como encontrar.

Quero muito juntar os cacos dos meus amores passados e construir algo que me faça bem.

Começar algo novo em que eu não precise de mais ninguém.

Mas fechado nessas paredes que estou cansado de olhar, percebo que de tudo que aprendi, nenhuma dessas coisas foi amar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

hoLLoW HearT

Sozinha, tentando encontrar as palavras pra dizer, depois de tudo que havia dito não ter servido pra nada.

Era como se nenhuma palavra tivesse um significado forte o suficiente, como se nenhuma palavra pudesse quebrar o feitiço.

Sentia, como se todos a vissem oca, como se só a superfície importasse.

Queria acreditar que estava enganada. Mas a cada canto, em cada esquina, em cada olhar que recebia, sentia-se despida.

Vivia em um mundo de aparências, de sorrisos brilhantes que já não pareciam tão sinceros.

Queria encontrar um refugio, nesse mesmo mundo que a açoitava.

Dentro de si, carregava bem escondido, algo que não sabia definir, que nunca havia visto antes. Mas sabia que estava lá.

Acreditava que talvez alguém a ajudasse a descobrir o que era, que alguém pudesse talvez, libertar de dentro dela aquela sensação.

Tinha medo de que demorasse muito.

Preferia ficar em casa, sozinha, mesmo que desejasse muito estar lá fora. Mas não podia suportar mais as coisas acontecerem daquela forma.

Sua prisão era ela mesma, algo que seria impossível de fugir.

Como desviar de olhares que revelam pensamentos? E como acreditar em palavras que não eram nada além de palavras?

O mundo girava, mudava de lugar e em qualquer parte dele tudo acontecia igual.

As pessoas eram as mesmas, mesmo com rostos diferentes e ficava cada vez mais difícil tentar disfarçar.

Tinha vontade de nunca mais precisar encarar o mundo, mesmo sem saber viver sem ele.