domingo, 25 de outubro de 2009

Tyler Durden!

Não ligo para os meus dentes ficando amarelos, nem para o fato de minha pele parecer mais cinza e aspera a cada vez que eu acordo.

Minha barriga crescer parece algo quase natural, mas meus olhos cada vez mais fundos me assustam.

Eu costumava me orgulhar dos meus olhos, costumava conquistar coisas com o olhar.

Agora eu desvio o olhar, tentando me esconder.

Quanto mais você se destrói, mais parece que você aguenta.

O problema de aguentar muito é o isolamento. Quanto mais longe você vai, mais longe

quer ir, as vezes é tão longe que não tem ninguém lá.

É tão longe que ninguém

consegue chegar aonde você se perdeu.

O espelho me assusta, mas não ligo mais.

Quando o espelho me agradava eu me sentia pior.

Agora pelo menos, de uma forma bizarra, eu estou sendo mais honesto. Talvez eu apenas

tenha que diminuir meu nível de exigências ou de fingimento.

Se eu pudesse escolher algo, eu não pediria para voltar ao passado, não pediria para

ter uma nova chance de corrigir os erros, apenas pediria pra você sair da minha

cabeça.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O fantasma do concreto por Renan Flud

Notamos suas expressões de angústia, seus ares de desolação pelas ruas, nos prédios abandonados e viadutos. Nas cidades cheias de gente e vazias de emoção. Notamos tristeza ou sintomas de um quadro avançado de depressão. Alguns nos surpreendem com um brilho no olhar, uma alegria fugaz, certo fogo que não se sabe de onde emana.
Largados ao esquecimento, ignorados, como se suas histórias não tivessem valor algum. São filhos abandonados, mães ou pais desprezados, viciados cujos familiares desistiram de lhes ajudar, ou não puderam salvar.
Assim como todos nós, eles buscam seu caminho, tentam encontrar algum sentido nesse oceano de caos.
Na cinzenta manhã, enquanto os carros passavam apressados e a fria garoa caia, um deles observa sentado no meio fio.
Que pensamentos passariam por ali? Que lembranças teria? Em que ainda creditava?
Movido apenas por uma coisa dentro de si, que ele nunca perguntou o que seria, caminha em inércia pelas ruas. Não está acostumado a andar entre as outras pessoas durante a luz do dia. É como se ele fosse uma espécie diferente, alguém que não pertencesse no meio das pessoas comuns, por algumas vezes fizeram questão de mostrar que ele não pertencia. Ser expulso era uma das memórias mais doloridas.
Havia decidido, há muitos anos, que dormiria durante o dia e passaria a noite acordado, procurando uma maneira de sobreviver. A noite não pertence a ninguém, ouvira uma vez de outro excluído, assustado, dormia mais tranqüilo durante o dia, apesar do barulho. O barulho na verdade servia como proteção, significava movimento, vida.
Muitas vezes, ouvira de outros desconhecidos histórias de outros como ele, que eram espancados ou queimados enquanto dormiam.
No silêncio assustador de cada madrugada ele vagava, mas não naquele dia. Havia dormido a noite toda e agora sem sono nenhum andava cortando a luz quase de forma invisível pelos que passavam.
Uma sensação estranha dominava seu peito, não era angústia, ele não sabia o que era.
Fazia muito tempo que ele não andava no meio das pessoas durante o dia, uma insegurança quase infantil começava a dominá-lo, enquanto uma sensação de invisibilidade lampejava cada vez que cruzava com outra pessoa. Ninguém me olha diretamente pensou. Será que sou realmente invisível?
Seu coração começava a bater mais rápido, e a cada olhar que não era correspondido, seu batimento disparava. Cada tentativa de se comunicar sem palavras, era completamente ignorado por quem passava.
Não se importava mais com a garoa, com a luz, com o barulho e com as pessoas que passavam. Parado, quase paralisado pela sensação de choro que o havia surpreendido. Ficou, por sabe se lá, quanto tempo sem se mexer, sua cabeça rodava.
- Quanto tempo fiquei sem ver o dia? Perguntava-se.
A noite iria demorar muito tempo para voltar, e dominado completamente pelo desespero se levantou, cambaleante deu alguns passos para frente e agarrou a primeira pessoa que viu.
O homem que havia sido agarrado pelo ombro apenas ouviu: - Você pode me ver?
Assustado, seu olhar aterrorizado cruzou o do mendigo por apenas um instante e logo ele voltou a olhar pra baixo, enquanto se livrava das mãos que o agarravam e continuava a andar apressado.
O mendigo então entendeu, ele não havia se tornado invisível, ele havia se tornado um fantasma.

domingo, 11 de outubro de 2009

not a good bye

Eu não quero mais voltar. Porque fica cada vez mais dolorido, à cada vez que eu morro.

Também não quero mais viver, não dessa forma, não dessa vez.

Eu voltei da forma errada. Só pode ser um engano.

Enquanto minha cabeça roda e procura, meu corpo está ali, completamente alheio e ela

nem sabe disso.

Não estou fingindo e nem estou triste, na verdade não sinto nada.

NADA!

Também não quero morrer, não aqui, não outra vez.

Não estou repetindo erros, não estou procurando errado.

Mas meu vazio não é completo, nem ele é. O abismo dentro de mim contrasta com um

fogo, uma vontade incontrolável de preenche-lo, mesmo quando ele me tenta a pular em

sua direção.

Ainda me sinto machucado, embora eu não consiga ver os ferimentos enquanto olho pra

vc, vejo cada um deles quando fecho os olhos.

Talvez quando eu os feche, eu consiga me ver, e não gosto do que eu vejo aqui dentro.

Tenho pressa de ir não sei pra onde, mas mesmo assim gosto de ficar aqui.

Eu sei que uma hora dessas eu vou conseguir curar tudo isso e que talvez eu vou

morrer novamente. Mas estou tão terrivelmente cansado de voltar.

domingo, 4 de outubro de 2009

home is here the heart is

(sem conexão com o livro)

no filme tudo parece melhor, talvez pq toca música enquanto as coisas passam.

música. é isso.

deve ser por isos que eu não quero mais mentir pra vc.

pq talvez... não seja um filme e eu não tenha a minha música.

eu queria a minha música, mas nunca soube como escreve-la.

eu não sei pra quem eu menti tanto assim pra estar desse jeito, talvez para alguém que eu não tenha percebido.

eu não percebi algo, foi isso.

estou travado, até que eu perceba. até que eu saiba o que é isso não consigo levantar.

mas é tão fácil continuar caindo e caindo. ser lembrado, mas não lembrar.

mas aqui de baixo, eu fico olhando pro alto, como se fosse o meu lugar, mas tudo faz parecer que não.

eu sonho subir até lá, mas não tenho a energia necessária, ela vai ter que descer até aqui. como se ela precisasse mais de mim do que eu dela.

caia do céu por favor. não é assim que parece funcionar?

mas talvez, pra ela descer até aqui leve tempo, ou ela precise ser chamada de alguma forma que eu não descobri.

devo ser o culpado disso tudo. por que eu senti que eu menti, pq fui fraco, pq não queria não sentir.

mas eu não pertenço a esse lugar, pq meu coraçao nunca steve aqui antes.