quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dias curtos

Recentemente, tenho sentido tudo novo.

De novo.

É um novo enferrujado, com gosto de passado.

Não é amargo, mas deixa um gosto ruim na boca, durante horas.

Viro na cama por horas e ela parece me expulsar.

Cada dia que passa ela parece encolher e os travesseiros ficam macios demais, fazem o peso do meu corpo, parecer cada vez menos compatível com eles.

Fico pensando em coisas que nunca penso, que não tem mais motivo para existirem na minha cabeça.

Muitas das vezes, os barulhos do dia começam e minha noite não terminou ainda.

Eu não tenho motivos pra sentir rancor e nem falta de sono.

Mas em todos momentos que me sinto como lixo durante o dia, quero entender porque não durmo a noite.


Eu culpava a cafeína, o dia ou a ansiedade. Mas agora os três existem tão pouco dentro de mim.

Às vezes penso em estourar minha cabeça, pra ver se consigo desliga-la, pelo menos por uma noite.

Mas tenho medo de nem assim conseguir.

No silêncio completo que passo a maior parte do tempo. Os barulhos nunca terminam, é só eu mudar um braço de posição, tentar colocar a cabeça mais fundo no travesseiro ou pensar no que farei no futuro, que a orquestra volta a tocar dentro de mim.


Eu nunca saio de dentro de mim, talvez precise ir lá fora.

Um comentário:

Talita Cruz disse...

Gostei muito do texto. Me identifiquei bastante! Parabéns pelo blog..bjss