sábado, 3 de julho de 2010

Hell On Earth

Mesmo após todos esses anos, eu ainda me lembro do exato momento que cheguei no inferno.

Era muito menos vermelho do que eu esperava. Na fila as pessoas assustadas, pois não tinham certeza de onde estavam entrando e muito, como eu, não sabiam nem o porque.


Não era como se tivesse uma lista, mas todos que estavam ali tinham que esperar sua vez para entrar.

Depois de passar pelos portões, eu não ouvi gritos e nem haviam demônios enfurecidos atrás das pessoas, simplesmente não havia muita coisa.

Eram pessoas sozinhas, vagando, sem saber o que procurar. O chão de pedra e terra, sempre molhado, sempre gelado e os pés sempre descalços.

Sem lugar para sentar e as paredes sempre fervendo, para que nós nunca pudéssemos nos apoiar.

Não era tão violento como diziam, ainda mais porque não havia o que roubar de alguém e todos estavam tão sozinhos que não havia motivo para tentar machucar mais ainda alguém, no inferno ninguém têm nenhum ente querido, nenhuma amado, nenhum conhecido.

Não existe mais tempo, mas ele continua passando. Não existe mais corpo, mas você continua sentindo.

Vagando e vagando, sem dormir ou comer. Com os olhos vidrados nos corpos nús, fracos e empalecidos.

Eu nunca consegui olhar no olho de outra pessoa aqui e aposto que elas também não conseguem, não conseguimos. Não olhamos para os outros, sabemos que estamos lá, mas é como se não fizesse diferença.


O tempo era apenas um desperdício, sem anda ser produzido, exatamente como minha vida anterior.

Sem se importar com o próximo, exatamente como o mundo do qual vim.

Aqui não existem mais preocupações, porque não sabemos o que estamos fazendo, apenas sinto uma tristeza enorme por estar aqui, sem não saber exatamente se eu merecia.

Talvez não seja tão pior do que a vida que eu tive, já que a dor constante é quase igual.
Doía muito viver, então ainda devo estar vivo.

5 comentários:

Anônimo disse...

gostei, cú :)

RenanFlud disse...

cú? haha

Cynthia disse...

Muito bom, gostoso de ler seu texto! Alias, me lembrou os dias de verão.. SP 40ºC, quando andando nas praias de Santos hahahaha..

"O chão de pedra(aquelas conchas quebradas!) e terra(areia mesmo!), sempre molhado, sempre gelado e os pés sempre descalços." [...] "Sem lugar para sentar (pura verdade!) e as paredes sempre fervendo, para que nós nunca pudéssemos nos apoiar.(assim como o calcadão e as ruas! queimam o pé..)" hahaha

Sempre soube que os verões, nas praias de Santos, eram um bom exemplo de Inferno. As pessoas que não me escutavam! ;P

(brincadeiras a parte..)
Muito bom seu texto, gosto de texto com detalhes.. e o seu tinha bastante, dava pra imaginar bem oq se lia! =)
E é uma visão melhor dq as das historinhas! rs

Beeijo :*

Lalá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lalá disse...

intenso!