domingo, 18 de julho de 2010

black silence white noise

Sair de casa naquele frio da manhã e encarar a garôa me causa uma angústia quase que relaxante.


Não sei explicar exatamente, mas é como se eu sentisse certo mistério no ar, ainda não está totalmente claro e o vento parece tão mais vivo, quase que desafiador.

Esse tipo de manhã me da saudade de algo que não conheci ainda, uma sensação mística toma conta de mim a cada passo.

Contra o vento sou acariciado pela chuva enquanto entro numa espécie de transe.


Foi num momento como esse que tudo começou. Numa manhã dessas que me senti diferente pela primeira vez, olhando pro céu completamente tomado pelo clima amargo.

Comecei a enxergar de uma forma diferente. E mais importante, comecei a escutar uma voz dentro de mim, martelando dentro da minha cabeça, contestando e perguntando porque.

Desde então, essa voz é a unica que eu escuto, a unica que faz sentindo pra mim.

Será que estou louco ou todos deveríamos ter uma voz dentro de nós?
Por um tempo essa voz foi tudo que tive. Só com ela eu consegui ter algum valor.

Mas a voz tem ficado em silêncio e incomoda profundamente o quanto ela está calada.

Se antes sentia vazio por ela falar o tempo todo e não deixar mais ninguém ter espaço, agora me desespero enquanto percebo o quanto sou comum sem ela.

Comum.

Essa palavra me assusta mais que qualquer outra. Um calafrio cruza meu corpo enquanto me imagino ordinariamente.

Eu posso ver através de você, consigo enxergar nas suas palavras, o quanto você não tem mais nada a acrescentar.

Quantas e quantas eu já não passei por isso.

Mas agora é diferente, a voz se calou.

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