sexta-feira, 9 de abril de 2010

Subway to your world

O chão começa a desgrudar dele mesmo. As paredes, os objetos e os movimentos são tragados pelo vento.

Tudo vai em direção ao nada.

Vejo as pessoas se quebrando em pedaços e indo embora como grãos de areia... Não consigo nem marcar seus rostos, lembrar de suas aparências.

Fico esperando a minha vez de ser levado, mas nada acontece.

Conforme caminho, tudo ao meu redor vai estilhaçando e desaparecendo.

Vou andando e destruindo, juntando alguns poucos grãos que batem em mim e ficam grudados, incomodando.

Cada passo destrói um pedaço do concreto e faz o vento aumentar sua fúria.

Respiro. Sinto o ar dos meus pulmões juntando-se ao infinito quando solto com um pouco mais de força.


As vezes quero guardar alguns dos pedaços pra mim, tento segura-los com toda minha força e quando abro a palma da mão o clichê da vida os leva embora.

Quero ser tragado junto, não sou o culpado desse caos todo.

Faço força para que alguns pedaços de mim sejam levados embora, quando eu quero muito eu consigo fazer eles sumirem junto com tudo.

Só que eu consigo traze-los de volta também.


Tudo fica confuso e volta voando pra dentro de mim.

O chão nunca sai do lugar, as paredes vão ficando mais velhas sem que ninguém perceba e as vezes eu até consigo ver as pessoas sugando parte de mim, mas assim como eu, elas nunca se lembram do que vão destruindo pelo caminho.

Um comentário:

Marina Wolff disse...

Talvez todos já tenham sido levados, esse é o erro, deveriamos esperar para retornar.

Já fomos enganos, presos e "levados" (sei lá pra onde), tudo o que desejamos é apenas pertencer a alguma coisa, porque em meio ao caos, possuir já não é mais o suficiente.