segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Meu próximo eu te amo.

O rádio não funciona direito, então é melhor mante-lo desligado.

Difícil encarar o silêncio e o barulho do motor do carro não ajuda em nada.

Com os vidros fechados, é quase como estar parado em uma sala de espera.

Dirigindo em inércia, o caminho percorrido de forma automática.

Os olhos na estrada, sem registrar nada, apenas vendo o avanço iresponsável enquanto o carro acelerada.

Os rostos projetados e as palavras inventadas.

A cabeça um pouco confusa, enquanto os olhos percebem o quanto do caminho já foi percorrido, sem que nada fosse pensado.

Os pulmões se enchem e ar. Os olhos se fecham. O pé pisa um pouco mais fundo.

A coragem dá a mão para a angustia e o carro vai mais rápido ainda.

Os olhos se abrem enquanto o pulmão volta a puxar mais um pouco de ar, o máximo possível.

O carro agora voa levando consigo uma placa de madeira.

Os olhos se fecham com força, decididos.

Enquanto o rio abraça o carro que mergulha em seus braços, deixo o ar sair pela última vez.